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MAIOR FENÔMENO DA ANIMAÇÃO COMPLETA 20 ANOS

Nenhum país asiático exerceu maior influência sobre os rumos da indústria cinematográfica e nas características narrativas, estéticas e técnicas dos filmes em geral do que o Japão no século 20. Desde muito cedo, o país soube interligar suas plataformas de produção cultural – cinema, rádio, mangás, animês, televisão, games e internet – de forma que elas se retroalimentassem tecnologicamente mas, principalmente, conteudísticamente, transformando o MAG (Mangá, Animê e Games) no seu maior poder suave até hoje. Mesmo imerso em uma sociedade altamente conservadora, o cinema japonês soube aproveitar algumas janelas de liberdade criativa típicas de um país democrático, ainda que certas obras pagaram caro pela ousadia, sendo censuradas por anos dentro do país. Incansável ganhador de festivais internacionais, o cinema japonês foi um dos que melhor quebrou a ideia de que o ritmo, o roteiro, os enquadramentos e as formas de atuação hollywoodianas eram os padrões a serem seguidos.

Sem dúvida, o maior nome desta área é Hayao Miyazaki, que começou produzindo animes para a televisão mas logo os levou para o cinema, onde já fez sucesso em duas de suas primeiras obras, O castelo de Cagliostro (1979) e Laputa – O castelo no céu (1986), cheio de elementos místicos, misturando uma inocência infantil com personagens assustadores e tramas quase sempre impiedosas. A partir de então, ele seria campeão de bilheteria no país e em muitos lugares do mundo. A princesa Mononoke (1997) foi o filme de maior sucesso do Japão. Só foi desbancado pelo próprio Miyazaki no insuperável A viagem de Chihiro (2001), que completa 20 anos em 2021 e que deixou para trás fortes concorrentes da Pixar e Dreamworks e levou o Oscar de melhor Animação, consagrando-se como uma das maiores animações já feitas na história. Com um visual exuberante, é uma trama sobre uma garotinha que vai atrás dos pais, que viraram porcos, num mundo onde é perseguida por bruxas, espíritos e seres surreais. A leveza dos traços de Miyazaki, combinados com um roteiro preciso e uma trilha emocionante, chamaram tanto a atenção do mundo que a Disney comprou os direitos de venda internacional de grande parte de suas obras. Seguindo a mesma linha, ele fará O castelo animado (2004) e vai discutir o grande temor de seu país de ser engolido pelos mares no filme Ponyo – uma amizade que veio do mar (2008). O anime encanta crianças, assusta adultos, diverte todo tipo de público, uma habilidade que os japoneses souberam construir com precisão no cinema ao longo das décadas.

Fonte: História do Cinema Mundial (2020), de Franthiesco Ballerini

 

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