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Criar a luz de uma história é emocionante.
Não respeitar a equipe técnica é revoltante!
As dores e delícias de se criar imagens para o audiovisual. André Moncaio, professor do curso de Direção de Fotografia: Linguagem e História, diretor de fotografia brasileiro com extenso currículo de longas-metragens e séries de TV, conta, nesta entrevista, porque o leste europeu tem a direção de fotografia mais ousada do mundo, quais são seus diretores de fotografia preferidos e porque não respeitar a equipe técnica é revoltante. Confira!
Você se lembra da sua memória afetiva mais longínqua em relação à fotografia no cinema? Qual é?
Me lembro. Na verdade é de quatro filmes: “História sem fim”, “Willow – Na Terra Mágica”, “Labirinto” e “Cocoon”. Creio que seja porque todos são filmes de ficção-científica, nos quais a direção de fotografia tem um papel mais que fundamental na criação destes universos mágicos.
Quais são os países que mais te surpreendem quando falamos de direção de fotografia?
Os países do Leste Europeu são sem sombra de dúvida onde estão os trabalhos de direção de fotografia mais ousados e inovadores. A união de experimentação com narrativa é realmente surpreendente. E não só no cinema, em séries também.
De que forma seu curso na Ethos ajuda os alunos a compreender e iniciar-se na área de direção de fotografia?
O curso da Ethos foi pensado como um processo, um trajeto. As aulas introduzem, com uma linguagem acessível, os elementos técnicos e estéticos da direção de fotografia através da sua evolução histórica no século XX, com exemplos de seus usos em filmes e séries. Essas aulas são complementadas com exercícios práticos de filmagem associados ao conteúdo das mesmas.
Na etapa final do curso, após ter compreendido os aspectos técnicos e estéticos da direção de fotografia, abordamos o processo criativo na realização de um filme e fazemos um exercício final a partir de um roteiro.
Quais são seus filmes e diretores de fotografia preferidos e porque eles são especiais?
Pra mim, é difícil elencar filmes favoritos, mas algumas das minhas obras preferidas são: Ida (Pawel Pawlikowski), por conta da sensibilidade e da experimentação na direção de fotografia em preto e branco; Edifício Master (Eduardo Coutinho), pela forma como o diretor de fotografia Jacques Cheuiche conseguiu resolver os desafios que o diretor impôs na filmagem do documentário; e a série da HBO, The Deuce, pela ousadia e estética rebuscada no uso do digital para captar uma história tão dramática e visceral.
E seus diretores de fotografia preferidos?
Gordon Willis (O poderoso chefão, Manhattan, Todos os Homens do presidente, etc) pela simplicidade e objetividade na sua abordagem nos filmes, respeitando a luz da realidade e criado a partir dela. Compartilho com ele essa maneira de trabalhar.
Rachel Morrison, pelos filmes que ela fez (Cake, Mudbound, Seberg, Fruitvale Station, etc) e também pela sensibilidade na maneira de usar a câmera para contar histórias. O brasileiro Ivo Lopes Araújo (Tatuagem, Girimunho, O Homem das multidões, A cidade onde envelheço), pela coragem de experimentar e quebrar os limites e regras da direção de fotografia, a serviço da narrativa e das sensações que a imagem pode provocar no espectador. Wilssa Esser, venezuelana radicada no Brasil (Temporada, Hit Parade, Mascarados, Levante, etc), pela poesia das imagens que cria e pela importância dos filmes que ela fez.
O que mais te encanta no cenário do ofício da direção de fotografia?
Estar no set de filmagem, iluminar as cenas e ver os atores atuando através da lente da câmera, na luz que eu criei. É realmente emocionante! É uma sensação muito boa!
O que mais te revolta nestes mesmos cenários, acima citados, no atual contexto do cinema/audiovisual brasileiro?
A falta de cuidado com a equipe técnica, não respeitando as horas de trabalho e descanso, para que um diretor ou diretora consiga realizar a sua “incrível visão”.
Fale um pouco dos seus mais recentes projetos na área e o que está por vir.
O longa-metragem de ficção “#eagoraoquê” dirigido por Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald, que teve como protagonistas o filósofo Vladimir Safatle e o próprio Jean-Claude Bernardet, e que foi destaque na na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paul. E dois filmes que ainda serão lançados: O longa-metragem ficcional “Parabéns, garota!”, do veterano diretor e roteirista Luís Carlos Soares, filmado em apenas quatro dias. O curta-metragem de ficção “Amantes da Pinacoteca”, do mesmo diretor, filmado com iPhone, dentro da Pinacoteca do Estado.
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