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Onde existir imagem, criatividade e composição,
haverá espaço para direção de arte

Emma Stone no filme 'Pobres Criaturas', dirigido por Yorgos Lanthimos

Se há processo criativo com imagem, a direção de arte pode aprimorar o resultado. É o que conta a diretora de arte Brenda de Oliveira, mestre em Artes pela USP, fundadora da Vinte Arte e atuante no mercado de direção de arte há uma década. Nesta entrevista, Brenda conta o passo-a-passo para quem quer aproveitar o mercado de direção de arte, a importância da formação, mostrando porque seu curso teórico e prático de Direção de Arte da Ethos Comunicação & Arte é o primeiro passo fundamental para trabalhar na área. “O curso propõe uma série de exercícios práticos fundamentados em um sólido arcabouço teórico, que sustenta e resguarda o conhecimento dos alunos.” Confira!

Você acha que a área de direção de arte oferece boas oportunidades no mercado atualmente no Brasil? Por quê?
De modo geral, a área de direção de arte é bastante versátil. Onde existe processo criativo, necessidade de composição de imagem, de ambientes criativos, cenografia, figurino e outras expressões artísticas, incluindo eventos, haverá demanda que profissionais de direção de arte estarão aptos e suprir. O mercado no Brasil, assim como em vários outros países, sofre algumas instabilidades de acordo com a economia, e a economia criativa também não está imune a isso. No entanto, nunca houve tanta produção de conteúdo como atualmente. Mesmo pessoas que trabalham como criadores de conteúdo ou influenciadores podem se beneficiar do conhecimento em direção de arte. Onde houver imagem, criatividade e composição, haverá espaço para aplicar os conhecimentos de direção de arte. Isso inclui mídias menos tradicionais do que a televisão e o cinema, abrangendo o audiovisual como um todo.

Quais são as obras cujo trabalho de direção de arte você mais gosta e o que elas possuem de tão bom?
São muitos os trabalhos de direção de arte que eu gosto. Quanto mais eu estudo e penso sobre direção de arte, mais encontro obras para observar, analisar e descobrir detalhes que me interessam. Eu posso destacar pelo menos duas, uma mais antiga e outra mais atual. Primeiro, o filme “Blow-Up”, de Michelangelo Antonioni, é um clássico que eu adoro! Esse filme, ambientado na Londres dos anos 1960, narra a história de um fotógrafo que se envolve em uma trama misteriosa, questionando se testemunhou ou não um crime através de suas lentes fotográficas. O que mais me fascina nesse filme é o visual extremamente representativo e estilizado dos anos 1960, pois o Antonioni consegue capturar a essência da moda e do estilo da época de uma forma única, escolhendo os detalhes certos para destacar em meio à abundância de informação disponível naquele período da Swinging London.

Algum filme recente te surpreendeu na direção de arte?
Sim, o filme “Poor Things”, pelo qual James Prince e Shona Heath ganharam o Oscar de Melhor Direção de Arte. Apesar de ser um filme extremamente recente, já considero um clássico da direção de arte. Ele é estiloso, autêntico e possui uma linguagem própria que o faz se destacar. O que mais gosto nele é como os elementos da direção de arte têm, de fato, uma função narrativa. Eles não estão apenas para criar um arrebatamento visual ou uma ambientação de tempo e espaço — embora façam isso muito bem também — mas eles têm uma função narrativa destacada. Tais elementos nos ajudam a atravessar todos os momentos daquela história, organizada como se fossem em pequenos capítulos.

Qual foi seu trabalho mais desafiador/gratificante em direção de arte? E diga-nos se está envolvida em projetos na área.
Recentemente realizei a direção de arte do curta-metragem “Conte até três e manda ver”, com direção de Marcelo di Márcio, que acaba de estrear no cinema. Trata-se de um filme policial com muitos elementos de ação. O desafio principal foi equilibrar o realismo com alguns elementos místicos e sobrenaturais que também fazem parte do roteiro do filme, mantendo a verossimilhança necessária para o público. O desafio constante no cinema é adaptar as ideias para realizar o que planejamos.

De que forma o seu curso na Ethos ajuda aqueles que querem trabalhar com Direção de Arte?
Modéstia à parte, acredito que organizamos um curso bastante completo sobre Direção de Arte na Ethos. O curso propõe uma série de exercícios práticos fundamentados em um sólido arcabouço teórico, que sustenta e resguarda o conhecimento dos alunos. Apresento os fundamentos do pensamento em Direção de Arte, sem tentar impor uma verdade absoluta, mas sim oferecendo bases que ajudem a compreender o todo dessa área.

É um curso bastante prático?
Sim, pois desenvolvemos também uma série de exercícios para trabalhar diferentes habilidades e competências necessárias a um profissional de Direção de Arte. Hoje em dia, vivemos em um mundo rápido e imediatista, e acredito que a Direção de Arte exige tanto uma capacidade analítica quanto uma forte capacidade executora. Além disso, são essenciais habilidades comunicativas para liderar uma equipe, comunicar demandas e expressar ideias de maneira clara. A metodologia de ensino foi pensada com cuidado para transmitir o conteúdo de forma a comunicar aos diferentes perfis de alunos, considerando os diversos estilos de aprendizagem. Acreditamos que o aprendizado é individualizado, e visamos garantir que cada aluno possa aproveitar ao máximo.

Então, é um curso que prepara o estudante para a realidade do mercado de direção de arte, certo?
Exato! O curso de Direção de Arte fornece todas as ferramentas e os principais fundamentos do dia a dia de um diretor de arte. As equipes de direção de arte são muito diversas, por isso, dependendo do orçamento do projeto, o diretor de arte pode ter que atuar de diferentes formas: ora em posição de liderança de uma grande equipe, ora com apenas um assistente e colocando a mão na massa. Tentamos ensinar todas as etapas e cobrir o máximo de cenários possíveis que o profissional possa encontrar em sua carreira.

Que dicas você daria para quem quer se profissionalizar como diretora de arte e viver disso no Brasil?
É importante lembrar que não existe uma formação tradicional e super estabelecida para a área de direção de arte. O que é comum ver é que os profissionais geralmente vêm de áreas como artes visuais, arquitetura, cinema e, em alguns casos, publicidade. Como a direção de arte não é detalhadamente abordada em nenhum desses cursos, mesmo esses profissionais procuram cursos de capacitação e profissionalização. Então, em minha opinião, o primeiro passo para se profissionalizar é buscar uma capacitação específica. Isso acelera e otimiza muito mais o seu processo do que tentar resolver as coisas de forma intuitiva, que pode ser desgastante e cansativo, especialmente considerando que o ambiente do cinema e da produção audiovisual é muitas vezes de alta pressão e demanda. Nesse sentido, destaco nosso curso na Ethos, que é bastante completo e oferece muitas ferramentas de trabalho.

Após a formação, quais são os próximos passos para quem quer agarrar boas oportunidades?
Em seguida, um bom portfólio é essencial. Pode ser digital, aumentando a visibilidade nas redes sociais, um site, um documento em PDF e até um portfólio físico. É importante fazer bons registros, fotos e vídeos do que você está produzindo e usar as redes como uma vitrine para sua produção. Consequentemente, construir uma rede de contatos é fundamental. Muitas vezes, os trabalhos na área criativa não seguem um processo seletivo rígido e ocorrem por recomendação de pessoas que já conhecem você. Se você está começando e ainda não tem uma rede de contatos, vale a pena adotar uma atitude proativa: frequentar mostras de cinema, festivais, palestras, workshops, rodas de conversa e lançamentos de filmes. Conecte-se com profissionais cujos trabalhos você admira e peça para trabalhar como assistente, se possível, para adquirir experiência e construir seu portfólio. Por fim, eu diria para estar preparado para um estilo de vida que requer adaptabilidade. Os projetos podem variar em duração e localização, desde trabalhos curtos em finais de semana até projetos longos em outras cidades. Ter essa flexibilidade permite aproveitar mais oportunidades e compor a renda desejada. Em resumo, meus conselhos seriam investir em capacitação, construir um portfólio sólido, desenvolver uma rede de contatos e estar preparado para ser flexível. Esses passos são essenciais para quem deseja se profissionalizar e viver de direção de arte no Brasil.

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