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Como escrever um roteiro para cinema
10 dicas práticas
Escrever um roteiro para cinema não é tarefa fácil. Muitas vezes, os roteiristas ficam anos desenvolvendo uma história, desde a concepção da ideia até o tratamento do roteiro, muitas vezes feito por outros profissionais, até então chegar o mágico momento de transformação em imagens, movimento, sons e efeitos especiais. Enfim, um filme. Franthiesco Ballerini, professor do curso de Roteiro para Cinema da Ethos Comunicação & Arte, roteirista e produtor do curta-documental ‘Bollyworld’ e roteirista e diretor do curta ‘Nome’, traz 10 dicas especiais para quem quer escrever um ótimo roteiro para cinema.
1) Escolha o tema e desenvolva a ideia
O tema é, em geral, uma grande área na qual você se sente confortável e/ou possui experiência/vivência/conhecimento para desenvolver uma história. São raros os roteiristas capazes de trafegar com qualidade por muitos variados temas. E quando o fazem, em geral se ancoram em outras fontes, como livros e notícias de jornais e revistas, como era o caso de Stanley Kubrick, roteirista da maior parte de seus filmes.
2) Pesquisa e referências são fundamentais
É muito difícil inventar a roda hoje em dia no cinema. Você tem ideia de quantos filmes estão sendo lançados a cada hora no mundo? Muitíssimos, incontáveis. Desta forma, para que sua história tenha potencial em festivais, seja bem recebido por críticos e influenciadores, que têm papel fundamental na divulgação do audiovisual no mundo, e, por fim, e mais importante, seja bem recebido por uma grande parcela do público, é fundamental ter boas referências de grandes filmes da história do cinema mundial, bem como fazer pesquisas profundas sobre a história, dados, pessoas que passaram por questões semelhantes aos seus personagens etc.
3) Estude roteiro antes de fazer roteiros
Escrever roteiro não é a mesma coisa que escrever uma matéria jornalística, um conto ou um romance. Uma das grandes dificuldades que temos no Brasil, e em grande parte do mundo, é que nós crescemos estudando formas de contar histórias de forma literária, onde tudo é possível de forma mais fácil, basta a criatividade. No cinema não é assim. Existe uma regra básica: só se coloca no roteiro aquilo que vemos e ouvimos em cena. Desta forma, é preciso escrever pensando no audiovisual, o que nem sempre é fácil. Fora que escrever roteiro segue alguns padrões de escrita de formas a facilitar a leitura por outros e no set de filmagem.
4) O que vem primeiro: personagem ou a história?
Depende. A ordem dos fatores não é o mais importante. O personagem vem primeiro em casos como de pessoas reais, como Marilyn Monroe, e depois se faz um recorte de sua história, como no belíssimo ‘Sete dias com Marilyn’ (2011). O que importa é desenvolver um personagem forte, que tenha vida, que seja crível, que consiga atrair a simpatia, a empatia ou até mesmo a antipatia do espectador. Depois, ou antes, colocar este personagem dentro de uma trama que promova a imersão do espectador do começo ao fim da história.
5) Construa bons conflitos e personagens secundários.
Uma história não é feita apenas de um conflito. Existe um conflito central, que pode carregar a trama do começo ao fim. Mas é fundamental conflitos secundários, paralelos. Nestes momentos é que conseguimos apresentar bons personagens secundários, inclusive porque eles poderão ter um apelo a outras parcelas de público para seu filme e, principalmente, porque estes personagens secundários podem ajudar a “carregar” a jornada dos personagens principais até o final, bem como apresentar temas, ideia e histórias paralelas muito interessantes.
6) Antagonistas e a moral da história
Hoje em dia está na moda ser do mal no audiovisual, não é mesmo? Personagens como Frank Underwood (Kevin Spacey) de ‘House of Cards’ é daquele tipo que amamos odiar. O seu filme pode ser protagonizado por um canalha, algo bem comum hoje em dia. Mas mesmo que seja protagonizado por um mocinho ao estilo das antigas, nunca se esqueça de desenvolver bem seu contraposto, aquele personagem (um ou mais) que fará de tudo para impedir que seu protagonista atinja seu objetivo. Ah, e não se esqueça de ter claro em mente qual é a moral da história (ethos da trama). Até um desenho infantil possui moral da história, algo como uma bússola para não nos perdemos ao longo da escrita.
7) Cuide bem da curva dramática
A curva dramática é o andamento da sua história. É preciso desenvolvê-la com muito cuidado, de modo que você não entregue demais da história no começo; de modo que você não demore muito para mostrar aonde sua trama quer chegar ou, por fim, de modo que você não entregue algo mais forte da história antes do clímax final, estragando-o. Por isso é importante estudar roteiro e analisar roteiros de curtas, longas etc.
8) Escreva um argumento
É possível ir da ideia direto para o roteiro? Sim, mas uma etapa anterior é sempre bem-vinda: ela se chama argumento. O argumento, nada mais é do que um texto corrido, contando a trama de forma mais simples, quase como fazemos na literatura. Desenvolvido no discurso direto, no tempo presente e com começo, meio e fim, nesta ordem. É quando apresentamos os personagens e a trama central. Em geral, tem entre 5 e 7 páginas, mas pode ter um pouco mais. Só não exagere, porque o argumento é um documento que deve ser lido rapidamente por alguém como um produtor, que recebe muitos documentos como esse o tempo todo.
9) Faça tratamento de roteiro
Quando seu roteiro estiver escrito, ele ainda não está pronto. É fundamental fazer o tratamento do roteiro, que é uma espécie de lapidação do seu trabalho. Neste momento, escolha um profissional de sua confiança. E isso não é apenas alguém experiente, mas alguém que não vai impor o seu olhar ou seus valores sobre a sua história. É alguém que está sempre pensando no melhor para a sua história funcionar. Nada mais. Tratamento de roteiro é algo profissional e, portanto, pago. Não economize nesta parte. Existem cursos avançados de roteiro que servem também como tratamento de roteiro para seu projeto.
10) Roteirista ou diretor: quem é mais autor da obra?
Essa é uma pergunta boba, como o que vem antes, o ovo ou a galinha. Só serve para gerar discussões acaloradas em mesa de bar. Mas é fato que o roteiro não é um filme, é sua etapa inicial. Mas um bom filme não existe sem um roteiro, uma etapa essencial. Se você quer ter um controle mais autoral sobre sua obra, procure se envolver nas etapas posteriores ao roteiro. Não gosta ou não tem talento para dirigir filmes? Não tem problema, há outras formas do roteirista se envolver na produção da obra que nasceu das suas ideias.
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